15/12/2015

Frida Kahlo a pintora mexicana que sobrevive ao tempo

Arte, cultura e moda! O post de hoje é sobre a pintora mexicana Frida Kahlo, um dos nomes mais importantes da história da arte moderna Latino-americana, ícone da moda e do universo feminino. Magdalena del Carmen Frida Kahlo y Calderón, nasceu em 6 de julho de 1907 em Coyoacán, México, filha do fotógrafo judeu-alemão Guillermo Kahlo e Matilde Calderón y Gonzales. Autêntica e dona de um estilo próprio, Frida sempre foi apaixonada pelas tradições culturais do seu país e teve sua história de vida marcada por momentos de muito sofrimento, mas também de grandes superações. Influenciou grandemente as artes, a moda e a cultura, tornando-se referência para milhares de mulheres do mundo todo.
Frida Kahlo pintora mexicana
Aos seis anos de idade foi acometida por uma poliomielite que a deixou com um dos pés atrofiado e uma perna mais fina do que a outra e recebeu o apelido de "Frida perna de pau". Essa foi a primeira tragédia na vida de Frida, mais tarde, aos 18 anos (1925), enfrentou outra tragédia ainda mais grave e penosa que mudaria para sempre sua vida. A pintora sofreu um acidente de ônibus quando voltava para casa com seu noivo Alejandro Goméz Arias que quase a levou a morte, nesse período Frida havia ingressado na primeira turma feminina de medicina da Escola Nacional Preparatória. Seu abdômen foi perfurado por uma barra de ferro, sofreu inúmeras fraturas no pé, na bacia e inclusive na coluna vertebral, que resultaram em 35 cirurgias. O acidente deixou Frida presa à sua cama por muito tempo e com fortes dores na coluna, que culminou com a amputação de uma das pernas anos mais tarde. É a partir daqui que nasce a pintora Frida Kahlo, ao se deparar com suas dores, angústias e frustrações que ela começa a se interessar pela pintura e retratar todo o seu sofrimento de forma quase espontânea. No livro "Frida - A Biografia", a autora Hayden Herrera cita a fala da pintora que demonstra o início da pintura em sua vida: "Por eu ser jovem, o infortúnio não assumiu o caráter de tragédia: eu sentia que tinha energias suficientes para fazer qualquer coisa em vez de estudar para virar médica. E, sem prestar muita atenção, comecei a pintar".
Frida Kahlo pintando após o acidente
Para conhecer a pintora e sua arte é preciso compreender todos os elementos que compõem as várias faces de Frida Kahlo: sua vida pessoal, suas dores, suas atividades políticas e principalmente sua relação tumultuada com o pintor muralista Diego Rivera. Frida e Diego se conheceram dois anos após o acidente quando ela lhe mostrou seus quadros para que ele os analisasse. Logo depois iniciaram o romance e se casaram. A pintora enfrentou ainda três abortos devido a seu frágil estado de saúde e sucessivas traições do marido, inclusive com sua própria irmã, Cristina Kahlo. Sua relação com Diego foi marcada por rompimentos, separações e voltas. Em 1937, Frida conhece Leon Trotski e sua esposa Natalia Sedova e os refugia em sua casa no México dando início a um tórrido caso de amor com Trotski. A partir daí, Frida mergulha intensamente na pintura, nos desenhos e realiza sua primeira exposição individual em Nova York. Expôs ainda em Paris e foi a primeira pintora mexicana a expor no Museu do Louvre e também em seu país, um ano antes da sua morte (1954). Foi membro do Partido Comunista Mexicano e participou de diversas lutas e atividades em prol dos trabalhadores mexicanos.
Frida Kahlo e Diego RiveraFrida Kahlo e Diego Rivera em manifestação política
O estilo de Frida! Frida sempre foi uma mulher a frente do seu tempo, intensa, provocadora, subversiva e exótica. Colecionou diversos casos de amor, tanto com homens como com mulheres. Adorava se vestir com as roupas tradicionais do México, usar tranças e flores no cabelo, monocelha exagerada e bigode fino, saias coloridas e estampadas... Era assim que Frida se apresentava, forte e provocativa! Suas roupas eram marcadas pelas cores vivas, repleta de elementos florais e ricas em bordados indígenas. Batom e esmalte vermelho, muitas joias extravagantes, blusas artesanais, saias longas e xales para complementar seus trajes e mostrar solidariedade com os trabalhadores do seu país. Seus vestidos exprimiam toda sua "mexicanidade", sua cultura mestiça, suas convicções políticas e por diversas vezes foram representados em suas obras. Frida era repleta de surpresas, quando jovem usava os trajes do seu pai e depois de separada de Diego, cortou os cabelos bem curtos e passou a usar roupas masculinas para romper com tudo que o ex-marido gostava, a sua feminilidade. Certa vez, escreveu ao ex-marido Diego Rivera: "Em todas as reuniões que eu assistir e onde eu estiver, o foco é sempre eu: meus lindos trajes bordados de indígena com meus cocares de flores e minha invalidez".
Trajes de Frida Kahlo
Frida Kahlo com traje masculino e família
Frida Kahlo autorretrato com traje masculino
As cores de Frida! Pintou 143 telas ao longo de sua vida, sendo a maioria delas autorretratos. Apesar de ter sofrido influências do movimento modernista e surrealista e de muitos críticos classificarem suas obras como surrealista, Frida rejeitava esse rótulo e dizia: "Eu nunca pinto sonhos ou pesadelos. Pinto a minha própria realidade". Seus trabalhos são basicamente autobiográficos com elementos extremamente reais e uma estética independente dos padrões clássicos europeus. Frida pintava suas dores, seu dramas pessoais, suas perdas, seus abortos, sua fragilidade, seu estado físico, suas tragédias e sua obsessiva paixão por Diego Rivera. Por isso sua estética é única e maravilhosa, carregada de sentimentos, cores fortes, emoções e estilo próprio. Vida e arte se misturam. A pintura era seu remédio, sua liberdade, seu ópio, sua coragem e principalmente a sua cura! "A pintura tem ocupado minha vida. Perdi três filhos e uma série de coisas que poderiam ter preenchido a minha vida horrível. A pintura substituiu tudo", dizia Frida. Mesmo com tantas tragédias e desilusões Frida gostava das cores vivas e as colocava em suas telas e em suas roupas. Em um dos trechos do seu diário ela escreveu o significado das cores utilizadas em suas obras: O verde significava boa luz. O magenta, antigo de pera espinhosa, a mais brilhante e mais antiga. O amarelo, medo, loucura, doença, mas também sol e alegria. E o azul cobalto revelava a eletricidade, a pureza e o amor. Toda sua dor e tristeza faziam forte oposição as cores vibrantes e fortes que pincelavam sua telas.
Frida Kahlo autorretrato Coluna RotaFrida Kahlo autorretrato pensando em Diego
Frida é pop, Frida é fashion! Seu prestígio e reconhecimento artístico vão muito além das telas e mesmo 63 anos após sua morte seu estilo ainda continua influenciando e ditando moda. Em 2012, a revista Vogue México homenageou pela primeira vez a pintora estampando sua imagem na capa, feita pelo fotógrafo Nickolas Muray, que também teve um envolvimento amoroso com Frida. Seu estilo influenciou o mundo da moda e serviu de inspiração para estilistas e grifes famosas como Paul Gaultier, Dolce & Gabbana, Christian Lacroix, Valentino, McQueen, etc. No Brasil algumas marcas famosas, estilistas, fotógrafos, revistas e stylists também se renderam ao encanto de Frida Kahlo fazendo referência as suas roupas, cabelo e maquiagem. Em 2014 a estilista mineira Patricia Bonaldi apresentou uma coleção de verão inspirada no luxo, nas cores e nas estampas de Frida Kahlo. Recentemente a marca de calçados Arezzo lançou uma coleção cápsula também em homenagem a artista mexicana. Sua popularidade e arte sobrevivem ao tempo, fazendo com que milhares de pessoas se identifiquem com sua estética e sua maneira singular de ser.
Frida Kahlo capa da VogueFrida Kahlo posa para Nickolas Muray
Morte! Frida Kahlo morreu em 1954, aos 47 anos de idade, vítima de embolia pulmonar em sua famosa "Casa Azul", onde hoje funciona o Museu Frida Kahlo. Junto ao seu corpo foram encontrados a seguinte frase escrita em um de seus diários que anos mais tarde deu origem a um livro: "Espero alegre a minha partida e espero não retornar mais."
Casa Azul Museu Frida Kahlo
Diário de Frida Kahlo
Se você gostou e deseja saber mais sobre a vida dessa incrível pintora, assista ao filme "Frida", da cineasta Julie Taymor, interpretado pela atriz Salma Hayek e Alfred Molina. O filme conta ainda com a participação da cantora mexicana Chavela Vargas (que teve um caso amoroso com Frida) que interpreta duas das mais belas canções da trilha sonora: La Llorona e Paloma Negra. O roteiro é baseado no livro biográfico da escritora Hayden Herrera sobre a vida da pintora. Vale a pena assistir!!!
Frida Kahlo filme
Vídeo do filme "Frida", trailer oficial do filme.

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